terça-feira, 21 de abril de 2009

Guaraqueçaba em dois tempos

Este ano voltei a Guaraqueçaba após algum tempo sem visitar uma das cidades mais intocadas do Brasil. Provavelmente pelas dificuldades de acesso pelos seus mais de 80Km de estrada de chão empoeirada, enlamaçada, esburacada , que desafia a paciência de quem trafega por ela.
Primeiro Tempo...
No primeiro momento fui de coadjuvante ( garupa ) em uma aventura de moto com Luciano, com uma moto nada recomendada para este tipo de terreno, uma Honda Twister 250, que limitava em andar a 30, 40km por hora impossibilitada de usar toda sua potencia, pela grande dificuldade da estrada que já é ruim seca ficando muito pior com um tempo úmido que prometia chuva.
Bagagem preparada em minha mochila de 72 litros, partimos para Guaraqueçaba com o intuito de acampar num camping que eu já tinha meio que conversado anteriormente para não passarmos por imprevistos com acomodações.
Os primeiros 20km de asfalto existente até a bifurcação que divide o acesso a estrada que vai para o bairro alto e a estrada de guaraqueçaba passaram rapidamente me deixando com gostinho de quero mais. Mas era hora de encarar a estrada de chão, que prá mim é a melhor coisa para preservar quase intacta toda aquela região.

O segredo de andar nessas estradas e utilizar o corredor onde passam os pneus dos carros, que deixam limpo do cascalho que dificulta a passagem de veículos menores fazendo até com que furem câmaras de ar.

A saída de Antonina foi as 14:00 e a previsão era fazer em 2:30hrs, mais uma garoa e as condições da estrada nos atrasou a chegada, fazendo com que fizemos o percurso em 3:30Hrs. Chegamos com as pernas doloridas, por ficar na mesma posição por horas e foi decepcionante chegar a cidade com uma chuva que desanimava inclusive na procura do camping.
Optamos então a procurar um hotel ou pousada para que pudéssemos descansar bem da viagem, com facilidade encontramos uma pousada com um preço bom e agradável, que fechamos negócio no ato deixando de lado a idéia de acampar.

Após tomar um banho quente, tirando aquela lama da estrada, saímos para comer algo no centro da cidade, optamos pelo Restaurante Guaricana e lá detonamos uma pizza muito bem feita e tomamos umas cervas para relaxar. Observando o pouco movimentado sábado da bela cidadezinha que me encanta com suas belezas naturais e sua gente simples e hospitaleira.
Batemos um papo com um grupo que tinha vindo de Curitiba e demos uma volta pela cidade encontrando em seguida uns camaradas de Antonina que tinham passado por nós na estrada rapidamente, com suas motos preparadas para trilha.
Tomamos mais algumas cervejas e demos mais uma volta e fomos para pousada com uma bela impressão da noite de Guaraqueçaba.
No dia seguinte partimos na hora do almoço após termos conhecido o mirante no morro existente atrás da igreja no centro da cidade, que possibilita a vista de toda a baia.
Para Luciano era a primeira vez que visitava a cidade e optamos em dar uma parada no Salto Morato que fica no caminho da volta.

Éramos os únicos na Reserva, após conhecer o Parque arrumamos as coisas e já preparados para voltar avistamos enrolada na parte de cima de uma placa que representa o mapa do parque, uma imensa caninana que nos assustou pela proximidade onde se encontrava.
Na volta demos várias paradas pois minhas nádegas já não agüentavam mais aquela posição desconfortável. Em Tagaçaba fizemos um super lanche de almoço pois estávamos apenas com o café da manhã, utilizamos os 10 reais que tinham sobrado.
Deu um alivio de rever o asfalto na bifurcação, demos uma parada para tirar umas fotos do estado da Twister de Luciano que agüentou como uma guerreira a péssima estrada.
Chegamos em casa quebrados, principalmente eu que carregava a mochila, mais foi uma curtição e eu já planejava a volta de forma diferente, realizada 3 meses após, que eu conto em seguida...


Segundo Tempo...
No segundo momento apesar das duas rodas o veiculo seria diferente, uma bicicleta, e um novo desafio, agora sem eu ser coadjuvante a idéias era fazer uma jornada de 2 dias através das cidades da parte norte do litoral do Paraná .


Quem idealizou essa jornada foi o João Maria um amigo que curte pedalar, juntamente com seu companheiro da Lapa Dionísio, já acostumado a fazer uns trechos seja de a pé, seja de bike.
Sairíamos de Antonina passaríamos em Morretes em direção a Paranaguá onde pegaríamos um barco para Guaraqueçaba andando ainda no primeiro dia até Tagaçaba, retornando no segundo dia á Antonina.
Eu me sentia preparado pelo treinamento que já estava fazendo a dois meses, juntamente com Benjamim.
Então dia 18/04/2009 ás 5:00Hrs da madruga partimos em direção a Paranaguá, em ritmo lento, pois tínhamos tempo de sobra para pegar o barco das 9:00hrs. No breu ainda a pedalada era muito agradável com a serração da madrugada hidratando nossos corpos, fazendo com que a primeira etapa fosse vencida em 2:30Hrs como um passeio.
Após um café no mercado municipal de Paranaguá com o tradicional bolinho de banana da terra, e um bate papo, partimos para pegar o barco das 9:00Hrs como planejado.

Numa bela viagem pela linda baia de Paranaguá seguimos em direção a Guaraqueçaba, com um mar tranqüilo e um dia lindo de céu azul e muito ensolarado, alcançamos o nosso destino em 2:30 hrs, chegando às 11:30 da manhã.

Fomos ao Guaricana para almoçar, e optamos por uma Anchova e um prato Turista que devoramos antes de pegar a estrada.
Ajeitando a bagagem, nos protegendo contra o sol que já estava a arder a pele, prosseguimos em direção a Tagaçaba para completar o primeiro dia.
Eu levava uma mochila com as minhas coisas e as de Benjamim que não tinha conseguido uma mochila menor, para levar suas coisas.
Ainda no centro de Guaraqueçaba eu avistava o conjunto Pico Paraná no horizonte e imaginava a volta que teríamos de dar, pois nosso destino passava bem perto dele, já na altura do cacatu, rio do Nunes em Antonina.

Começamos na estrada de chão que me deixava receoso pelos pneus slick que minha bike tinha, impróprios para este terreno. A pedalada estava muito bacana apesar do forte sol, sem muitas serras para subir, mas não por muito tempo, pois começaram então as intermináveis subidas e descidas de serras incluindo a de Serra Negra onde se localiza o mirante, que por sinal tem uma vista incrível que pela primeira vez pude vislumbrar, pois nas outras oportunidades a serração não permitiu curtir o visual.

Ao entardecer chegamos a Tagaçaba, onde fomos direto a pousada que Dionísio já havia acertado anteriormente nosso pernoite, um lugar super bacana onde servia também de recanto, onde aos fundos encontrávasse o rio que dava acesso ao mar descendo-o mais alguns minutos.
Após um belo banho, partimos para a janta, que estava divina, apesar da simplicidade de um feijão, arroz, macarrão, filé, batata frita e salada, porém muito bem preparados.

Conversamos um pouco e fomos dormir, pois após 106 km pedalando e uma bela janta daquela o corpo pede um repouso, até mesmo para agüentar a seqüência de nossa jornada no dia seguinte.
Acordamos cedo tomamos um café completo e seguimos viagem às 08:45, teríamos ainda 40Km de estradas de chão e mais uns 20Km de asfalto.

Mais alguns minutos pedalando Benjamim grita para pararmos, a câmara dele tinha furado e prontamente encontramos uma sombra e a trocamos, foram uns 20 minutos para a troca.
O sol nos judiava e fazia com que as dificuldades aumentassem naquela péssima estrada, após uma seqüência de grandes descidas e subidas paramos e esperamos Benjamim que demorava a aparecer.
Após uns 10 minutos sem ele aparecer Dionísio pediu para eu voltar e ver o que tinha acontecido e ele e João seguiram para um botequinho localizado na entrada do Cedro.
Voltando encontrei Benjamim empurrando a Bike dele que vinha com o pneu dianteiro agora vazio.

Eu já estava com uma fome pelos atrasos seja da saída tarde da pousada, seja destes imprevistos que estavam ocorrendo. Com mais uns 20 minutos na segunda troca prosseguimos ao encontro dos outros dois.
Na chegada ao boteco encontramos, fiquei anestesiado pelo cheio de uma ponta de costela que o dono do lugar tinha colocado ao fogo a alguns minutos. Tomamos duas cervejas e prosseguimos a aventura.
Agora o Conjunto Paraná já encontrávasse a nossa frente, bem pertinho, passando pelo sitio da família, mostrei-o a João combinado uma visita neste inverno para um pernoite.
Já tínhamos andado uns 37km de estrada de chão naquele dia a pouco menos de 3Km do asfalto e eis que fura pela terceira vez a câmara de Benjamim, que foi motivo de brincadeiras entre todos do grupo.

Utilizando a terceira câmara reserva, prosseguimos após 30 minutos e logo o alivio de entrarmos no asfalto novamente, pelo menos para mim.
Em ritmo forte prosseguimos até o trevo no quilometro quatro, onde demos a ultima parada juntamente com a ultima cerveja antes de concluímos nosso trajeto.
A chegada aconteceu as 14h30minhrs na casa de João com direito a recepção de boas vindas. Foram 170Km rodados mais de 8:00Hrs em cima de uma bicicleta, com direito a passeio de barco pelas belas baias de Paranaguá e Guaraqueçaba, passagem por quatro cidades, mais de 3000 calorias perdidas hehehe, mais o melhor foi a companhia e amizade desses grandes aventureiros e companheiros.