domingo, 14 de março de 2010

Travessia Paraná /São Paulo

(Antonina/Pr - Ariri/Sp)
Antiga Estrada do Telégrafo
Com o Verão a todo vapor, não da para pensar muito em montanha, sendo assim, recorri a minha outra paixão que é pedalar.
O convite partiu de um amigo da Lapa (Dionísio) e o João Maria, com isso, partimos para mais uma pedala em direção a Cidade de Guaraqueçaba, desta fez com um percurso maior e uma rota mais atraente pela beleza e também pela dificuldade.
Caprichei na minha bike, trocando peças, mais o físico estava meio avacalhado pelas festas de final de ano e o próprio verão, que nos faz festar mais.
Na manhã do dia 28 de janeiro partimos cedinho para pegar a estrada de Guaraqueçaba, minha magrela com pneus lisos voava no asfalto, fazendo com que os primeiros 25 km da jornada, fossem muito agradáveis.
Com aquela clássica parada na bifurcação que leva a estrada de Guaraqueçaba, nos preparamos para a parte que achávamos ser a mais complicada, pois 100 km de estradas de chão, fazem com que os músculos do corpo fadiguem, com toda aquela trepidação causada pelas pedras, buracos e morrinhos pelo caminho.

Após algumas paradas pelos botecos à beira da estrada chegamos ao Km 66, onde fica a entrada para o bairro Batuva, acredito ser o mais longínquo de Guaraqueçaba.
A estrada ficou pior, agora parecia que pedalávamos sobre uma estrada de pedras de rio e com muita lama, valetas que nem todos os veículos poderiam vencer-las.
Com muita dificuldade, pelo menos para mim, chegamos ao bairro perdido, onde já estava Dionísio tomando uma cerveja muito da gelada por sinal.
Após nós tomarmos umas cinco cervejas, já se passavam das 17H30min, seguimos em direção a pousada que previamente já tínhamos tratado pouso e janta, pois um lugar como aquele isso é um achado.
Chegando à fazenda onde existia a pousada, uma entrada antes do Rio Guaraqueçaba, fomos muito bem atendidos pelo senhor Antonio, que imediatamente nos levou a casa que nos serviria de pouso.

Conversamos um pouco com o fazendeiro sobre de onde nós tínhamos vindo e para onde iríamos e ele ficou espantado, não acreditando que passaríamos no dia seguinte pela ” trilha “, assim chamada pelo pessoal do lugarejo o pedaço que liga o estado do Paraná ao estado de São Paulo.
Após aquele banhão morno, me senti até mais leve, sem aquela lama no corpo, partimos para a janta. Uma excelente refeição, com arroz, feijão, maionese, salada, carne de búfalo e macarrão, tudo natural produzido ali mesmo. Como de costume nestas pedaladas a janta sempre é a refeição mais completa.
Não consegui agüentar assistir o final da novela, já fui dormir, seguido por Dionísio, João tinha sido o primeiro a cair.
Incrivelmente dormi bem, coisa que não consigo fazer sem estar na minha cama em minha casa. Acordamos Cedo umas 6h:30min tomamos um café, novamente plantado, colhido, torrado tudo ali, com um delicioso pão caseiro e arrumamos as coisas para pegar o trecho que não achávamos ser tão difícil, mas após tanta gente balançar a cabeça negativamente quando contávamos que iríamos passar por ele, já não estávamos muito certo disso.
No começo uma lama só, foram apenas uns 10 minutos pedalando, não houve mais condições de prosseguir montados nas bikes, começamos então o martírio de empurrá-las, a princípio dávamos risada e brincávamos com a situação mais começou a piorar e a chuva só nos deixou sair da pousada depois caiu com vontade, nos mostrando porque estava tão ruim aquele pedaço de terra.
Logo os braços estavam mais cansados do que as pernas por empurrar aquele peso todo da bike e da bagagem e a estrada só piorava, agora levantávamos a bike, pois se fosse empurrar ela atolava e com isso quem atolava éramos nós, e aquela briga prosseguiu por mais ou menos 8 km, os meus piores 8 km.
No final eu já não sabia se aquilo era estrada, rio ou a trilha como o povo chamava. Com água até o joelho e um caminho de toras aproveitei para tirar um pouco de lama da minha bike já avistava a Escola já no município de Ariri Estado de São Paulo, nunca fiquei tão contente em voltar a pedalar após já ter pedalado 120 km no dia anterior.


Que alivio pedalar, apesar de apenas estarem funcionando umas três marchas, por conta da lama as engrenagens não funcionavam regularmente.Pedalando mais ou menos uns 25 km, chegamos à bifurcação que nos levava a Cubatão e Cananéia pro lado esquerdo e o Centro de Ariri pro lado direito, seguimos para o centro de Ariri, que fica as margens do Rio Varadouro ou Canal Varadouro, foram mais uns 35 km de subidas e descidas, agora um pouco mais agradáveis, com direito a um banho de rio já perto de nosso objetivo.
Chegando ao Centro de Ariri, nos encantamos com o lugar, nos arriamos num dos restaurantes a beira do Rio, e almoçamos um peixinho que estava uma delicia, após umas três latinhas de Skol cada um, acompanhadas com o melhor camarão a dore que eu comi até hoje.
Na própria chegada já acionamos o pessoal que precisávamos de um barco, a idéia era ir para a Ilha do Cardoso, pertencente ao Estado de São Paulo, terminado o almoço o barqueiro já apareceu para fazer a travessia.
Rapidamente chegamos a Ilha do Cardoso, cerca de 10 min, nos despedimos do barqueiro e atravessamos a ilha chegando ao lado que fica o alto mar, pela areia seguimos em direção a outra extremidade da ilha. No começo pegamos areia compacta, mas logo a areia ficou fofa, pois a maré ainda estava vazando, fazendo com que tivéssemos que empurrar as magrelas.
Logo a areia ficou uma beleza e começou a render a pedalada, os 13 km, vencemos rapidamente e chegando à extremidade sul, Dionísio tratou de negociar com um barqueiro, este prontamente nos levou a sua casa e de lá ao porto onde estava seu barco.
Cobrou-nos 10 reais por cabeça para fazer a travessia até Superagui que se encontrava a nossa frente. Bicicletas ajeitadas no barco, mais 10min chegamos a Superagui, descemos na praia deserta, a parte mais bela da Ilha.
Seriam mais 25 km de praia totalmente deserta, com um sol forte já eram umas 17h:00, eu não resisti tive que dar um gostoso mergulho naquela água transparente, da praia mais limpa do Paraná.

Em menos de uma hora chegamos à vila de superagui, onde procuramos uma pousada, rapidamente definindo ficar na Pousada Costazul, pertencente a um Vereador de Guaraqueçaba.
Cheguei com uma sede e matei um litro de suco, logo após dei um mergulho na frente da pousada mesmo, e entrei para tomar um banho de água doce.
Ficamos conversando, pedimos uma porção de camarão e outra de peixe, para acompanhar a cerveja e eu aproveitei para tirar algumas fotos do final de tarde.

A vista dali contemplava toda a majestade do conjunto Paraná como pano de fundo e a sua frente a Ilha do Mel, com o farol, que naquela hora já conseguíamos ver a luz indo e voltando.
Após uma caminhadinha pela praia, o sono foi inevitável, e novamente eu tive uma noite muito agradável, acordando apenas na hora de levantar, com o famoso despertador de João Maria, que acorda até defunto.
Fomos os primeiros a acordar, juntamente com o dono da Pousada muito simpático e hospitaleiro que preparou um café. Tomamos o cafezinho aguardando o barqueiro que nós já havíamos tratado no dia anterior a nos legar à Paranaguá, por R$ 150,00, já que não havia outra forma de sair dali cedo.
Logo o barqueiro chegou e acomodamos nossas bikes de forma que coubessem todos confortavelmente, seguimos numa viagem de pouco mais de 1h00m chegando a Paranaguá às 8h:30min.
Pagamos o acertado e fomos ao mercado para contemplar aquele delicioso bolinho de banana feito de forma excepcional, juntamente com o segundo café (íamos queimar tudo isso rapidinho até Antonina).
Na saída de Paranaguá eu parei para arrumar meu freio e acabei me perdendo dos dois, liguei para casa para avisarem a eles que eu estava indo que não me esperassem e segui com um ritmo forte.
Meus pneus lisos me proporcionaram uma grande velocidade e as pernas estavam ótimas, mantendo a velocidade constante, passei direto na entrada da marta e segui para a entrada do Rio Sagrado, onde só pensava numa água de coco muito gelada que é vendida por um rapaz logo na primeira banca a beira da estrada.
Dei uma paradinha, me deliciei com aquela água e logo prossegui, encontrando eles em Morretes parados recompondo as energias com um Red Bull, que eu tive que tomar também.
De Morretes a Antonina, foi um tapa e à frente da casa de João Maria as mulheres estavam esperando com o almoço à mesa e para variar hehehe aquela cerveja geladaaaa.
Mais uma vez obrigado aos meus dois amigos aventureiros, pelos mais de 250 km de experiências maravilhosas que vocês me proporcionaram e até outra.