domingo, 7 de setembro de 2008

Pico Ciririca primeira tentativa


Com uma dúvida enorme quanto a previsão do tempo, resolvemos assim mesmo tentar pela primeira vez atingir o Pico Ciririca, pelo caminho de cima. Tinha chovido muito na quinta e com isso saímos na sexta dia 16/08/2008 ás 16:00Hs da casa de Benjamim a caminho da Fazenda do Bolinha.


Após ajeitar as mochilas começamos a trilha lá pelas 17:30Hs, sabendo que seria mais complicado no escuro, mas eu já conhecia a trilha, que por sinal estava ótima bem sinalizada e limpa.
Após alguns minutos caminhando já não se enxergava mais nada, na floresta escurece bem antes do que o normal, então sacamos nossas lanternas para melhor visualização da trilha. Fazia um mês que eu tinha ido ao Taipa com Luciano que nesta oportunidade não pode vir, ficando apenas Benjamim como companheiro de empreitada.

Como no mês anterior, era noite de Lua Cheia, e este mês com um plus, um eclipse Lunar, que pela aparência do céu após dias chuvosos prometia um belo espetáculo.
Na complicada subida da Laje do Camapuan, aconteceu um imprevisto que comprometeu o projeto até o Pico Ciririca, Benjamim sentiu o joelho que fez ele se render ao solo por alguns minutos para se recuperar e tentar atingir o cume já que naquele momento já não tinha mais chance de voltar eram 19:30Hs.

Eu prossegui até o cume deixei minha mochila carregada e voltei para pegar a mochila de Benjamim, encontrando-o na metade do percurso com muitas dificuldades de se locomover, pondo um fim então no planejado para aquele dia, que era atingir o Tucum, o projeto Ciririca iria ter que esperar.
Voltei alguns minutos após, com a mochila dele que de fato estava pesada e então começamos a montar a barraca entre duas pedras existentes no cume do Camapuan para se proteger melhor dos fortes ventos que estavam nos castigando.
A lua encontrava-se perto do Pico Paraná, subindo lentamente com o eclipse anunciado anteriormente, um espetáculo que era inédito aos meus olhos, se tratando das outras peças ali existentes, a sombra do PP, o céu estrelado, as luzes do litoral, muito legal.
Consegui fazer algumas fotos noturnas, melhores dessa vez, vivendo e aprendendo, ainda bem que minha maquina é digital, pois estaria falido agora pela quantidade de fotos que tiro em cada saída dessas.
O rango estava ótimo, um strogonoff de carne, graças a tecnologia da indústria alimentícia que nos proporcionou essa oportunidade de adquirir um rango desses a vácuo, sem transtorno nenhum, só havendo a necessidade de esquentar o treco, hehehehe.
No dia seguinte decidimos ir até o Tucum, já que seriam apenas 30 minutos de onde estávamos. Benjamim com algumas dificuldades conseguiu atingir o cume, claro demorando um pouco mais, para ele foi uma vitória, pelo estado apresentado naquele momento, mais para mim não tinha nada de novo e então resolvi ir mais para frente, até o Pico Cerro Verde que encontra-se a frente do Tucum.
Combinei horários de retorno com Benjamim, que ficou ali no Tucum e peguei a suposta trilha que levava ao meu objetivo e segui. Meio desconfiado do meu sucesso percebi que não seria fácil. A descida da costa do Tucum é sinistra bem íngreme, naqueles dias com um agravante, muito úmido pela quantidade de chuva que tinha caído e no final um vale com uma floresta densa que seguia até o começo da subida do Cerro Verde.
Agarrando os arbustos, fui descendo com alguns escorregões, mais o medo nos faz segurar mais forte e com mais segurança. Chegando na floresta tentei visualizar bem o local para não me perder, já que seria um desastre sozinho naquele vale, sem comida e com apenas um companheiro machucado sabendo da minha localização.
Prossegui vencendo a floresta em alguns minutos, comecei a subir o Cerro que não apresentou grandes dificuldades apesar da trilha mais fechada. Em uma hora atingi o novo cume, que me deixou encantado com seu lindo visual. Os Camelos do conjunto Paraná ficam bem próximos, ainda pode-se ver o Caratuva, Itapiroca, Ciririca, Luar e o que eu iria ter que enfrentar na volta o gigante Tucum que dali parecia maior ainda.

Após assinar o caderno cume e verificar a trilha ao Pico luar, que fica no caminho do Ciririca, resolvi voltar, eu ainda teria que achar água no vale, pois já estávamos sem no acampamento. Com algumas dúvidas, percebi que não tinha gravado a trilha e consequentemente não sabia voltar. Desci uma trilha que entrava na floresta, mesmo sabendo que não era por ali, em alguns minutos de caminhada achei água, mais a preocupação aumentava, pensei na merd.. que tinha feito, sair sozinho pelo mato, a boca secava rápido pelo nervosismo, respirei fundo e prossegui naquela trilha fechada.
Logo começou a subir, percebi que era o Tucum, o cansaço aumentava, pelos arbustos que me seguravam e tentavam impedir minha passagem, de repente uma pedra no meu caminho, tentei passar pelos lados, mais não existia nenhuma possibilidade pela vegetação existente.
Parei, pensei, olhei as possibilidades e com mais calma, entre os arbustos vi um toco de corda, amarrado firmemente, que provavelmente em outrora já teria servido outro descuidado montanhista.
Com o auxilio da corda consegui passar pela pedra e prosseguir na fechada trilha, ainda no cume do Cerro não imagina que iria sofrer tanto na volta ao acampamento. Num dos momentos do apuro sentei e vi que já estava na metade do Tucum, prometi para eu mesmo que nunca mais sairia sozinho novamente, peguei minha câmera e tirei algumas fotos do Paraná e do Ciririca, já que talvez nunca mais tire daquele ângulo.
Após duas horas de brigas incessantes com arbustos e pedras encontrei a trilha principal, todo arranhado, cansado, segui ao acampamento ainda com a água que tinha encontrado no vale. Entre o Camapuan e o Tucum achei uma bica que não conhecia que me deixou revoltado, já que eu tinha me esforçado mais, carregando aqueles 2 litros d’água desnecessariamente.
Benjamim terminava o almoço que pela hora já servia de café da tarde, contei o acontecido e após o rango desmaiei por algumas horas dentro do meu saco de dormir. A noite demos uma curtida no visual que o Camapuan proporciona da cidade de Curitiba e logo já voltamos para barraca, que sacudia de um lado para outro pelos fortes ventos que voltavam a castigar como na noite anterior. Durante a noite inteira tivemos que reforçar os grampos da barraca para ela não decolar, ficou impossível dormir, quando consegui já estava claro e com isso perdemos o nascer do sol.

Após um café voltamos em ritmo de tartaruga para a fazenda, fiquei um pouco decepcionado de não ter dado certo a conquista do Ciririca, porém com mais experiência pelas dificuldades que eu enfrentei e com mais um cume conquistado, a do Cerro Verde.

sábado, 6 de setembro de 2008

Caratuva e Taipabuçu


Tempo bom e Lua Cheia é igual a montanha, sendo assim, no mês de julho de 2008 marcamos para desbravar um novo morro, que é belíssimo, principalmente visto do Caratuva e tem um nome muito estranho Taipabuçu.
Com a falta de tempo de Luciano pelo trabalho que ele exerce partimos a tardezinha, e fomos parados na blitz no posto policial da BR 166, rumo a Fazenda, atrasando ainda mais nossa subida.

Já na Fazenda Pico Paraná, partimos lá pelas 18:00Hs, rumo ao Caratuva. Era a primeira vez que eu fazia uma subida a noite e estava empolgado.
Sabendo da dificuldade de encontrar água, no começo do Caratuva optamos em esconder nossas mochilas e ir até a primeira bica da trilha do Pico Paraná e voltar com 4 litros d’água para passar a noite e fazer o ataque ao Taipabuçu no dia seguinte.
Com isso, nossa subida demorou mais, levando cerca de 4:00Hs, ás 22:00Hs já no cume procuramos um lugar para bivacar, percebemos que tempo bom e Lua Cheia é igual a montanha para muita gente, estava lotado de barracas por todos os lados.
Percebi, com isso, que eram mais interessantes as montanhas que ficam próximas a Fazenda do Bolinha, pela pouca visitação existente naquela região.
Encontramos acredito ser o pior lugar para acampar no Caratuva, ficava numa descida, mais tudo bem, comemos misto quente e bebemos vinho, logo após tentei dar uma cochilada porque dormir propriamente, não tem a menor chance de acontecer com Luciano roncando como um urso.
Acordamos cedo para ver o sol em meio a umas 15 pessoas, inclusive dois camaradas que eu tinha conversado dias atrás no Camapuan.
Foi muito massa consegui algumas fotos iradas, logo após partimos para o Taipa (é como eu prefiro chamar intimamente o Taipabuçu).
A descida da encosta do Caratuva a princípio é tenebrosa, porém se você agachar e segurar na vegetação e nas pedras existente na trilha fica mais fácil, logo alcançamos uma floresta da planta que dá nome á montanha caratuva, que é da mesma família do bambu.
Do Caratuva até o Taipa existe o que chamamos de Sela que nos permite passar de um morro ao outro sem descer até o vale como acontece em algumas montanhas. Já na florestinha vimos que não iria ser tão fácil o formato do Taipa parece fazer uma curva, com vários morrinhos que temos que passar.
Em 1:40Hs chegamos no cume do Taipa, procurei a caixinha que se encontrava jogada sem o caderno cume para nossa descepção. Amarrei-a em um arbusto perto da pedra mais alta do cume tiramos várias fotos, verifiquei a trilha para o Ferraria gigante que ocupa o terceiro lugar, com relação a altura em nosso Himalaia e brincamos com a acústica daquele lugar, gritando e escutando a volta que o som dá pelos vales entre o Paraná, Caratuva e Companhia.
Voltamos para enfrentar a subida do Caratuva, que foi um pouco mais demorado por umas dúvidas no começo da volta e por ser um morro maior também. Desmontamos o acampamento e descemos para a Fazenda do Pico Paraná.
Chegamos um pouco cansados, meio machucados, mais animados com o lugar e com outras possibilidades que podem ser proporcionadas, visando uma travessia, por exemplo, começando pelo bairro alto em Antonina já que conhecemos boa parte da trilha de baixo e agora a de cima também.
Em breve voltaremos áquele magnífico lugar, talvez na próxima Lua Cheia...