sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

TEMPORADA 2009 - Conquista do Pico Abrolhos


Meses e meses chovendo impediram a realização do Projeto Ciririca em 2008, pelo menos por mim e Benjamim, Luciano e Mauro tiveram mais sorte. Mais 2009 começou e apesar de estarmos em pleno verão, a vontade de subir uma montanha é muito grande para esperarmos os dias frios de maio em diante. Como conseqüência, tivemos que marcar uma expedição ao Marumbi, uma pegada rápida até o Pico Abrolhos a 1.200mts de altura, baixinho comparado aos gigantes conquistados no ano passado, porém com adrenalina a mil pela grande quantidade de escalada por grampos e corretes existentes na trilha, uma verdadeira escalaminhada como os freqüentadores desta montanha costumam dizer.
Fracassando uma viajem de moto até Guaraqueçaba, provocada pelo mal tempo do dia 17/01/2008, no dia seguinte (18), Luciano me telefona 8:30 da manhã, um milagre ele acordar esse horário, hehehe. Ele tirava sarro de minha previsão falha do tempo, já que aquela manhã estava ensolarada e perguntava se eu não queria fazer alguma coisa. Então marcamos para subir de moto até a Estação do Engenheiro Lange em Morretes e dali dar uma pernada até o Pico Abrolhos, desconhecido para eu e para ele também.
Muita adrenalina na subida de uma estrada de chão bem íngreme com uma Twister com seus pneus lisos, chegamos na estação às 10:30, pela demora da saída de Antonina, na mochila 2 cebolitos e uma bolacha, nada apropriados para carregar nestas empreitadas, mais tudo bem.

Com 10 minutos de trilha, já estávamos pingando de suor e com a língua para fora, por falta de preparo e ritmo.
Mais alguns minutos descobri porque as Trilhas do Marumbi são conhecidas como verdadeiras escalaminhadas (caminhadas e escaladas). Tensão aumenta junto com a adrenalina, dos riscos encontrados nos desfiladeiros, com muitas correntes, cordas, escadas e grampos existentes, principalmente no lado onde nós fomos a Trilha Vermelha.



Muito rápido alcançamos a bifurcação muito bem sinalizada que divide a trilha para a Ponta do Tigre e o Abrolhos, onde encontramos um grupo que já estava descendo, conversando com alguns deles, comentaram que tinham desistido na ultima grampada existente antes do cume do Abrolhos, acredito que por medo, proporcionado por uma escalada por grampos numa rocha embarrigada.


Prosseguimos, o encontro com a grampada que fez o grupo desistir, no primeiro momento deu um frio na barriga, porém subimos sem grande dificuldade, Luciano falava sem parar da adrenalina e eu nem falava só curtia aquele momento de piração.
Nós olhávamos para o desfiladeiro, os grampos que tínhamos acabado de subir e imaginávamos já a descida que seria pelo mesmo lugar. Assim mesmo eu tirava algumas fotos enquanto Luciano filmava o visual do lugar.
Chegando no cume percebemos a diferença de se ver o Abrolhos de baixo ( na estação marumbi) e ali de cima, ele era comprido e estreito, tive um pouco de pavor no começo, sentei numa pedra e esperei acostumar com o lugar.
O visual é sensacional dá para ver boa parte do Litoral, os gigantes Paraná, Ciririca, Agudo da Cotia, Tucum, Camapuan, mais em baixo em Morretes vemos o gigante Salto dos Macacos escondido no meio da Mata Atlantica e os trilhos que sobem a Serra até a capital. O desfiladeiro da Catedral separa onde estávamos com a Torre dos Sinos e a Ponta do Tigre outros morros do Conjunto Marumbi, muito sinistro e radical.

Por infelicidade o Livro Cume não estava na caixinha e ficamos sem o registro oficial de nossa conquista, conversamos um pouco com um casal que estava presente, comemos as porcarias que tínhamos levado ( Luciano aproveitou para devorar um cacho de uva do casal ) e começamos a voltar.
Descida tranqüila, demos uma parada numa bica improvisada com uma folha, e continuamos na trilha quando já quase chegando à Estação fomos brindados com a aparição de um grupo de Macacos Prego, mais ou menos meia dúzia.
Escutei o barulho peguei a maquina fotográfica e Luciano a filmadora após eu insestir muito, conseguimos registrar o momento, era a primeira vez que tive contato com macaco na natureza, foi sensacional.

Ainda antes da Estação, fotografei uns Lagartos folgados em cima de pedras tomando banho de sol. Chegando na estação tinham umas 20 pessoas a espera do trem para voltar à Curitiba, pegamos a moto e descemos em direção a Antonina, com direito a uma parada no Porto de Cima para caldo de cana e água de coco.

domingo, 18 de janeiro de 2009

Pico Ciririca segunda tentativa


Após 13 dias voltamos a fazenda do bolinha onde tentaríamos realizar o projeto Ciririca novamente. Montanha, que pelo fracasso da expedição anterior pela contusão de Benjamim, nos deixou mais ansiosos pela sua conquista.

Chegamos na fazenda 7:40 da manhã do dia 29/08/2008 e saímos em direção ao Camapuan 8:10 com ritmo forte, apesar da preocupação de não forçar muito o joelho de Benjamim. A idéia era a conquista pela trilha de cima, já que não queríamos moleza e sabíamos que a maior dificuldade era desconhecer a maior parte da trilha que é pouco visitada.
Em apenas 2:00hrs chegamos ao Tucum onde descansamos um pouco, comemos castanhas e assinamos o Livro cume. Apesar do sol forte estava frio e existiam nuvens meio estranhas que abraçavam os morros da região.

Começamos a descida da Costa do Tucum em direção ao inicio do Cerro Verde onde pegaríamos a trilha para o Luar, minha segunda vez e no mesmo mês, para Benjamim vistas inéditas, adrenalina nova em um pedaço da trilha um pouco complicado. Fomos cautelosos para não repetir o que tinha acontecido comigo a 13 dias atrás onde eu me perdi e encarei uma subida muito mais complicada do Tucum por uma trilha que parecia ter sido feita no peito por alguém que cometeu o mesmo erro que eu.
O conhecimento da trilha até então, favoreceu o abastecimento de água, onde não precisamos carregar nenhuma gota d’água, mais mudaria após entrássemos na trilha para o Pico Luar, desconhecido para nós dois.
Descendo o Tucum sugeri pegar água no lugar onde tinha me perdido da última vez que estive ali. Peguei 2 garrafas pet e desci sozinho pelo caminho até o riacho com um pouco de receio, mais louco para exorcizar esse fantasma que me incomodava

Uns 20 minutos depois voltei com os 4 litros d’água e prosseguimos na trilha para o Luar, onde ao terminar de descer os pés do Cerro vimos água, deixando-me desanimado pelo tempo e o esforço perdido.
Continuamos a andar e descobrimos uma trilha horrível de se andar bem fechada por ser pouco visitada, de um morro que na verdade se dividia em 3 grandes morros onde teríamos que passar.


Engates e mais engates, arranhões, subidas e descidas, foram presenteadas com uma vista linda do Camelo bem pertinho e o Ciririca a nossa frente podíamos até mesmo ver parte da trilha serpenteando-o.
Abrindo a caixa cume do Luar encontramos o caderno encharcado impossibilitando assim nós assinarmos. Deixei o caderno aberto em cima de uma pedra para ver se secava enquanto nos alimentávamos, mais não funcionou.
Prosseguimos com muitas dúvidas em um campo aberto, e logo descemos mais um pouco, vimos os dois últimos obstáculos em nossa frente, eram morros pequenos onde o segundo já ficava na metade do Ciririca.
O primeiro morro nós subimos já em meio a uma nuvem que impossibilitava qualquer vista, com um vento gelado que prometia chuva, eu já pensava em acampar no Luar mesmo e prosseguir no dia seguinte, para não ser surpreendido pela chuva, mas Benjamim queria alcançar o objetivo já no primeiro dia.
Descendo este primeiro morro percebemos que o outro não precisaria subir pois a trilha passaria pelo lado dele, eram 16:30 e achamos um espaço para acamparmos e Benjamim cedeu aos meus pedidos para montarmos o acampamento.
Nós estávamos cansados, mais o que falou mais alto para pararmos foi a possibilidade de não encontrarmos mais um lugar seguro para acampar mais a frente e não se proteger da chuva que naquele momento eu tinha certeza que viria, cedo ou tarde.
Barraca montada no único lugar possível, num mato alto, que acusava a pouca visitação do lugar, demos uma olhada na dança das nuvens a nossa frente, e atrás de nós cobrindo rapidamente o último morro que tínhamos vencido e Benjamim saiu com a missão de encontrar água por perto.

Entramos na barraca cozinhamos um rango e depois dormimos. Acordamos mais ou menos 18:30 e começou a chover com o típico vento do lugar, sem muita coisa a fazer o negócio era comer, deitar e dormir novamente.
Com um reclamar de Benjamim eu acordei, ele tinha acordado tudo molhado, acendendo a lanterna vimos a situação que se encontrava a barraca. O vento fazia com que a chuva entrasse e se concentrasse no fundo da barraca.
O frio era intenso e Benjamim tinha se molhado todo, no meu lado da barraca não teve muito problema, porém o fundo da barraca enchia de água, e mais uma vez começou o martírio, ilhados dentro da barraca como em outrora.
Furei o fundo da barraca para sair a água e Benjamim tirou a roupa molhada e colocou uma capa de chuva, eu me ajeitei num cantinho e voltei a dormir enquanto ele ficava sentado sem ter muito o que fazer.
A chuva não parava assim como o vento e nestes momentos o tempo parece que passa lentamente, após horas ali em posições nada confortáveis, amanheceu e percebemos que não havia possibilidade de melhoras climáticas o jeito era voltar.

Nos equipamos do jeito que deu com roupas, pois o frio era intenso e a garoa continuava a castigar, arrumamos tudo em nossas mochilas e desarmamos a barraca da forma mais rápida que conseguimos e voltamos pelo mesmo lugar que tínhamos vindo.
Na cabeça a revolta de mais uma vez não termos conseguido e o trajeto que teríamos que refazer na volta, subir o Luar, o Tucum, o Camapuan, com frio e molhado numa trilha chata cheia de engates que rasgavam as nossas pernas e braços sem piedade e que naquele momento era nossa única alternativa.
Não sentimos nem fome, voltamos direto com uma pequena parada no começo da encosta do Tucum, para um pipistop e já retomamos, até porque eu estava me congelando.
Eu só pensava em chegar na fazenda e tirar aquela roupa molhada e colocar uma seca, queria naquele momento esquecer de tudo aquilo tomar uma ducha e dormir umas doze horas.
Já na Descida do Camapuan encontramos um grupo de montanhistas do Rio de Janeiro que estava conhecendo as nossas montanhas, passamos feito bala por eles.
Chegando na fazenda eu não acreditava que tínhamos conseguido sair daquele martírio, fui tirando a roupa, a começar com as botas encharcadas, e me trocando, sentamos cansados no gramado e percebemos que a falta d’água que nos obrigou a racionar, nem fez falta na volta. Para terminar, ficamos em silêncio um pouco meditando e concluímos não ter sido de todo ruim.
Uma parada no Posto Tio Doca, comemos um belo de um X-Salada e voltamos logo após a Antonina, rindo da situação e já programando outra.
Essa foi a última aventura de 2008, já que aquelas chuvas continuaram até o começo do verão, época essa imprópria para o montanhismo.