domingo, 5 de julho de 2009

Conquista do Ferraria


Após o fracasso da tentativa em Conquistar o Ferraria em nossa última expedição, resolvemos tentar novamente mais preparados desta vez.
Com uma equipe formada por 04 pessoas, Eu, Benjamim, Lucyano e Luiz, partimos da Fazenda Pico Paraná às 09:00Hr da manhã de sexta 19/06/2009.
Apesar de não atingirmos o cume do Ferraria na aventura anterior, aproveitamos a nova trilha conhecida naquela oportunidade, a trilha direta ao Taipabuçu, que nos economizaria a subida do Caratuva nesta ocasião.
O Morro do Getulio serviu para aquecer e demonstrar a falta de preparo dos companheiros de montanha, já que pingavam de suor com a língua para fora da boca em apenas 1 hora de caminhada.
O lugar escolhido para pegar água foi a bica logo no começo da trilha direta do Taipabuçu e seguindo relatos levantados por Luiz, armazenamos o maximo do liquido preciso para levarmos até o Ferraria, já que não conhecíamos a trilha e montanhistas blogueiros indicavam a falta dela no vale entre o Taipa e o Ferraria.
Continuamos a andar em direção ao Cume do Taipa numa trilha bem preservada apesar das fitas amarelas no inicio dela, meio que escondendo-a, a conservação estava ótima.
A subida ao Taipabuçu foi muito tranqüila por essa trilha, preservando nossas forças para a subida do Ferraria.
Em 03 horas alcançamos o segundo cume e ponto mais alto do Taipa, nos alimentamos com uma daquelas minhas farofas que erguem até defunto, regadas com uma água otimizada com VO2, e fomos em direção ao terceiro cume do Taipa que era o mais chato com pitadas de adrenalina logo no começo e que concerteza tem a melhor vista entre os três.
Começamos descer as encostas do Taipa indo em direção ao vale para começarmos a subir o Gigante Ferraria. Encontramos como obstáculos, os piores tipos de vegetação possíveis, tais como taquaras, caratuvas, corta rapaz, entre outras espinhosas e cortantes.
Fui escolhido a ir peitando tudo aquilo, reclamando pela dor pela dificuldade de andar naquele emaranhado de mato, mais sem pensar em desistir desta vez, acredito que Lucyano estivesse pensando a mesma coisa.
Depois de algum tempo encontrei água, como eu já suspeitava, isso fez com que lamentássemos o esforço em carregar aquele peso todo em vão, porém tínhamos que ser cautelosos para evitar novo fracasso.
Lucyano assumiu a frente e logo a trilha sumiu num taquaral, que a única solução encontrada para vencê-lo era tirarmos as mochilas e nos rastejar como bichos seguindo uma marca no solo que parecia ser a trilha.

Meio hora depois Lucyano avista uma fita amarela, a redescoberta da trilha é seguida de muita euforia, por todos nós, “....voltamos ao trilho...”, “...eeeehhh...”, “...uhhhuuuu...”.
Estávamos no pé do Ferraria, havia uma marcação num bastão pintado de vermelho, não sabíamos se sinalizando o começo da trilha dele ou sei lá o que.,
Bebemos o preparado de água e começamos subir o gigante, a trilha começou a ficar melhor, talvez menos ruim, vamos dizer assim...
Fui encabeçando novamente o grupo e começamos a pegar altura e a vegetação tendia a continuar da mesma forma, com arvores de porte médio, muitas podres, que com o apoio da nossa mão para impulsionar nossos corpos se rompiam provocando diversos tombaços.
Num lugar meio espremido senti que faltava pouco para atingir o cume e uma rampa de pedra entre outras duas gigantes, surgiu como obstáculo. Não daria para errar e o caminha era aquele não havia como voltar, tirei a mochila, encostei minhas costas numa pedra e meus pés em outra e fui me espremendo até chegar ao final da rampa. Benjamim veio em seguida e no final dei a mão para ele como apoio se repetindo com Lucyano e Luiz, logo após de eles passarem-me as mochilas. Vencida essa etapa sentamos naquelas pedras e descansamos um pouco vendo uma dança de nuvens que estavam presente entre o vale do Paraná e o Caratuva, que, como um cão que demonstra sua fúria rosnando para o estranho, elas “rosnaram” também para nós, nos deixando meio receosos quanto a previsão do tempo.
Haviam buracos como cavernas entre as pedras que provocariam um grande acidente caso alguém descuidado caísse num deles.
Chegamos ao cume falso e logo arriamos as mochilas, o sol estava se pondo, fomos então á direção do cume verdadeiro para curtir o visual e pegar o caderno cume, para o registro do nosso feito.
As nuvens não impediram a visão daquele magnífico pôr, porém, logo após já não havia possibilidade de permanecer fora da barraca, pois a temperatura começou a cair rapidamente.

Montamos a barraca no cume falso, já que no verdadeiro havia um formigueiro que impunha respeito e a pesar de ficar perto de um precipício parecia ser o melhor lugar.
A noite fiz uma surpresa para o grupo para esquentar aquela noite fria bebemos um pouco de conhaque e para comemorar a conquista fumamos um charuto que simbolizava a conquista e o nascimento da filha de Benjamim que tinha acontecido a menos de um mês.

Lemos alguns relatos do livro cume, após um rango reforçado preparado no novo fogareiro aprovadíssemo pela eficiência. E então saímos um pouco para curtir o visual ao longe das luzes das cidades e principalmente das estrelas. E dormimos empilhados na barraca em meio a tralharada que ficou toda dentro, para não molhar com o sereno.
Na manhã seguinte, apenas Lucyano levantou para ver no nascer, estávamos com frio e com muito sono para levantarmos. Mais foi uma pena eu ter perdido pois conferindo a gravação estava lindo o sol nascendo naquele imenso mar de nuvens que mudavam de cor conforme a potência dos raios do sol iam aumentando.
Tomamos um café reforçado, assinamos o livro cume e logo após analisamos as possibilidades de seguir pela crista, mais o caminho, para onde seguir? Não tivemos escolha se não voltar pelo mesmo caminho que tínhamos vindo passando por aquelas pedras subindo novamente o Taipa e retornando pela sua trilha para a Fazenda Paraná. A terrível crista narrada por muitos montanhistas teria que esperar uma outra oportunidade, decidimos este inverno ainda voltar ao bairro alto em nossa cidade e abrir mais a trilha de acesso a temida Crista.
Na volta foi mais tranqüilo, pois não tínhamos preocupação com o tempo que levaríamos, fazendo com que a trilha ficasse até mais fácil.
Comemos algumas besteiras como barra de serial e banana, a água acabou e passamos direto na bica do Vale do Ferraria, consequentemente fazendo-nos andar sedentos por horas.
Chegando na bica do Taipa matamos a sede com aquela água que saia debaixo de uma rocha e logo se escondia novamente subterraneamente como que, estivesse ali apenas para nos atender, gelada como tivesse saído de uma geladeira da skol a -5 graus.
Saciando a nossa sede encaramos o Getúlio para finalizar nossa aventura, mas desta vez com a conquista do Gigante Ferraria que não era conquistado a 6 meses conforme último registro em seu livro cume.