domingo, 18 de janeiro de 2009

Pico Ciririca segunda tentativa


Após 13 dias voltamos a fazenda do bolinha onde tentaríamos realizar o projeto Ciririca novamente. Montanha, que pelo fracasso da expedição anterior pela contusão de Benjamim, nos deixou mais ansiosos pela sua conquista.

Chegamos na fazenda 7:40 da manhã do dia 29/08/2008 e saímos em direção ao Camapuan 8:10 com ritmo forte, apesar da preocupação de não forçar muito o joelho de Benjamim. A idéia era a conquista pela trilha de cima, já que não queríamos moleza e sabíamos que a maior dificuldade era desconhecer a maior parte da trilha que é pouco visitada.
Em apenas 2:00hrs chegamos ao Tucum onde descansamos um pouco, comemos castanhas e assinamos o Livro cume. Apesar do sol forte estava frio e existiam nuvens meio estranhas que abraçavam os morros da região.

Começamos a descida da Costa do Tucum em direção ao inicio do Cerro Verde onde pegaríamos a trilha para o Luar, minha segunda vez e no mesmo mês, para Benjamim vistas inéditas, adrenalina nova em um pedaço da trilha um pouco complicado. Fomos cautelosos para não repetir o que tinha acontecido comigo a 13 dias atrás onde eu me perdi e encarei uma subida muito mais complicada do Tucum por uma trilha que parecia ter sido feita no peito por alguém que cometeu o mesmo erro que eu.
O conhecimento da trilha até então, favoreceu o abastecimento de água, onde não precisamos carregar nenhuma gota d’água, mais mudaria após entrássemos na trilha para o Pico Luar, desconhecido para nós dois.
Descendo o Tucum sugeri pegar água no lugar onde tinha me perdido da última vez que estive ali. Peguei 2 garrafas pet e desci sozinho pelo caminho até o riacho com um pouco de receio, mais louco para exorcizar esse fantasma que me incomodava

Uns 20 minutos depois voltei com os 4 litros d’água e prosseguimos na trilha para o Luar, onde ao terminar de descer os pés do Cerro vimos água, deixando-me desanimado pelo tempo e o esforço perdido.
Continuamos a andar e descobrimos uma trilha horrível de se andar bem fechada por ser pouco visitada, de um morro que na verdade se dividia em 3 grandes morros onde teríamos que passar.


Engates e mais engates, arranhões, subidas e descidas, foram presenteadas com uma vista linda do Camelo bem pertinho e o Ciririca a nossa frente podíamos até mesmo ver parte da trilha serpenteando-o.
Abrindo a caixa cume do Luar encontramos o caderno encharcado impossibilitando assim nós assinarmos. Deixei o caderno aberto em cima de uma pedra para ver se secava enquanto nos alimentávamos, mais não funcionou.
Prosseguimos com muitas dúvidas em um campo aberto, e logo descemos mais um pouco, vimos os dois últimos obstáculos em nossa frente, eram morros pequenos onde o segundo já ficava na metade do Ciririca.
O primeiro morro nós subimos já em meio a uma nuvem que impossibilitava qualquer vista, com um vento gelado que prometia chuva, eu já pensava em acampar no Luar mesmo e prosseguir no dia seguinte, para não ser surpreendido pela chuva, mas Benjamim queria alcançar o objetivo já no primeiro dia.
Descendo este primeiro morro percebemos que o outro não precisaria subir pois a trilha passaria pelo lado dele, eram 16:30 e achamos um espaço para acamparmos e Benjamim cedeu aos meus pedidos para montarmos o acampamento.
Nós estávamos cansados, mais o que falou mais alto para pararmos foi a possibilidade de não encontrarmos mais um lugar seguro para acampar mais a frente e não se proteger da chuva que naquele momento eu tinha certeza que viria, cedo ou tarde.
Barraca montada no único lugar possível, num mato alto, que acusava a pouca visitação do lugar, demos uma olhada na dança das nuvens a nossa frente, e atrás de nós cobrindo rapidamente o último morro que tínhamos vencido e Benjamim saiu com a missão de encontrar água por perto.

Entramos na barraca cozinhamos um rango e depois dormimos. Acordamos mais ou menos 18:30 e começou a chover com o típico vento do lugar, sem muita coisa a fazer o negócio era comer, deitar e dormir novamente.
Com um reclamar de Benjamim eu acordei, ele tinha acordado tudo molhado, acendendo a lanterna vimos a situação que se encontrava a barraca. O vento fazia com que a chuva entrasse e se concentrasse no fundo da barraca.
O frio era intenso e Benjamim tinha se molhado todo, no meu lado da barraca não teve muito problema, porém o fundo da barraca enchia de água, e mais uma vez começou o martírio, ilhados dentro da barraca como em outrora.
Furei o fundo da barraca para sair a água e Benjamim tirou a roupa molhada e colocou uma capa de chuva, eu me ajeitei num cantinho e voltei a dormir enquanto ele ficava sentado sem ter muito o que fazer.
A chuva não parava assim como o vento e nestes momentos o tempo parece que passa lentamente, após horas ali em posições nada confortáveis, amanheceu e percebemos que não havia possibilidade de melhoras climáticas o jeito era voltar.

Nos equipamos do jeito que deu com roupas, pois o frio era intenso e a garoa continuava a castigar, arrumamos tudo em nossas mochilas e desarmamos a barraca da forma mais rápida que conseguimos e voltamos pelo mesmo lugar que tínhamos vindo.
Na cabeça a revolta de mais uma vez não termos conseguido e o trajeto que teríamos que refazer na volta, subir o Luar, o Tucum, o Camapuan, com frio e molhado numa trilha chata cheia de engates que rasgavam as nossas pernas e braços sem piedade e que naquele momento era nossa única alternativa.
Não sentimos nem fome, voltamos direto com uma pequena parada no começo da encosta do Tucum, para um pipistop e já retomamos, até porque eu estava me congelando.
Eu só pensava em chegar na fazenda e tirar aquela roupa molhada e colocar uma seca, queria naquele momento esquecer de tudo aquilo tomar uma ducha e dormir umas doze horas.
Já na Descida do Camapuan encontramos um grupo de montanhistas do Rio de Janeiro que estava conhecendo as nossas montanhas, passamos feito bala por eles.
Chegando na fazenda eu não acreditava que tínhamos conseguido sair daquele martírio, fui tirando a roupa, a começar com as botas encharcadas, e me trocando, sentamos cansados no gramado e percebemos que a falta d’água que nos obrigou a racionar, nem fez falta na volta. Para terminar, ficamos em silêncio um pouco meditando e concluímos não ter sido de todo ruim.
Uma parada no Posto Tio Doca, comemos um belo de um X-Salada e voltamos logo após a Antonina, rindo da situação e já programando outra.
Essa foi a última aventura de 2008, já que aquelas chuvas continuaram até o começo do verão, época essa imprópria para o montanhismo.

3 comentários:

Paulo Roberto - Parofes disse...

É cara o Ciririca é uma montanha super chata de se chegar...Sem falar nas alterações climáticas da Serra que são absurdas...
Ano passado mais ou menos na mesma época passei pelo mesmo perrengue, mas parei no Tucum mesmo e voltei, pois já comecei com chuva.
Hoje parto pra Curitiba para a segunda tentativa e procurando relatos encontrei o seu.
É isso aí, abraços e boas montanhas!
Paulo

Montanhismo Independente disse...

Oh montanha difícil hein! Na minha 1ª vez tbm tive que abortar devido ao tempo maluco da Serra, mas voltei e consegui chegar porém fui por baixo, agora vou tentar uma investida por cima, nas mesmas condiçoes que vcs, sem conhecer o caminho! O tempo está perfeito,mas... Abs.

GRUPO DE MONTANHISMO DE ANTONINA/PR disse...

Pois é este ano ainda não tentei, porém fiz o Ferraria que em alguns momentos parecia ser até pior. Era para ter ido semana passada mais choveu estou marcando para essa semana 29/08/2009, pela previsão acredito dar liga.
Abraços e até