domingo, 10 de agosto de 2008

Primeira Montanha


O prazer de estar em contato com o meio ambiente já vem de longa data, caminhadas pela mata atlântica do litoral paranaense, admirando rios, cachoeiras a linda vegetação e muita história. Antonina, Morretes e Guaraqueçaba são verdadeiros santuários da flora e da fauna, possibilitando experiências extraordinárias.
Em 2007 comentando com um amigo algumas experiências minhas, ele contou as dele, e provocou em mim uma vontade gigante de fazer a mesma coisa. Ele tinha subido o Pico Paraná e contava toda a exuberância de sua bela vista.
Apesar do pavor de altura que tenho não tive dúvida em agendar com ele uma visita ao teto da região sul do Brasil, com isso, acertamos fazer a expedição em agosto/2007.
Logo avisei meu companheiro de trilha, meu amigo Benjamim, perguntando se ele iria encarar esse desafio, fissurado pela natureza e por aventura aceitou na hora ficando na expectativa. A idéia após o combinado era o preparo físico que por sinal já tínhamos adquirido com caminhadas noturnas e musculação e compra do equipamento necessário, barraca, saco de dormir, mochila etc.
O entusiasmo era grande e o dia chegou, apesar de nosso instrutor (meu amigo Luciano que já tinha ido) dizer que não haveria muitos trechos de escalada (são poucos grampos e correntes) e sim mais caminhada dentro da floresta atlântica a beira de precipícios e vales verdes a adrenalina explodia dentro de nós novatos na empreitada.
Passei na casa de Benjamim e carregamos o carro com a tralharada, me assustava o volume de coisas, compramos gás para o fogareiro e partimos para casa dos outros dois, Luciano o “guia” e Mauro um companheiro que em outra oportunidade já tinha subido, porém com algumas dificuldades pelo medo de altura.
Luciano tinha recém chegado do trabalho e saímos tarde de sua casa, para desanimo de Benjamim que não acreditava dar certo nessas condições, em direção a estrada da graciosa, pegamos a Br 116 rumo a Campina Grande do Sul, chegamos à Fazenda Pico Paraná, onde fica o começo da trilha que nos leva aos grandes do sul Pico Paraná, União, Caratuva, Itapiroca, etc.
Arrumamos as mochilas com a tralharada, mais ou menos uns 10Kg a mais nas costas e começamos a trilha por volta das 12:00Hs, com um sol forte apesar da época do ano e sabendo que levariam 7:00 horas a empreitada.
As primeiras 2:00 foram sem dúvida nenhuma as piores, é que para chegar ao Paraná você tem que passar por outros morros da região e o primeiro é o Morro do Getulio, que tem uma vegetação baixa e com isso, facilita o trabalho do sol que naquele dia insistia em nos castigava severamente com seu calor intenso na hora em que se encontrava mais forte.
Paramos várias vezes, bebemos muito liquido, comemos algumas barras de cerial, observamos a bela vista do lugar que fica à frente da represa Capivari e no outro lado tínhamos a trilha passando entre o pico Caratuva e o Itapiroca.
Continuamos sabendo que não tínhamos chegado nem na metade do objetivo ainda, entramos no vale entre os dois gigantes, ficando mais agradável a caminhada, pela forte umidade da mata atlântica, apesar do clima seco.
A primeira bica veio como um Oasis no meio do deserto, lavamos nossas cabeças judiadas do sol, descansamos um pouco e enchemos os cantis da mais pura água que podemos beber.
Meio a grandes raízes de arvores e um muro natural de pedra, avistamos o monstruoso conjunto que abriga o Paraná. O sol o deixava em evidencia, a vista é incrível, percebemos a mudança da vegetação que agora não passava de um metro de altura.
Apressamos o passo, pois o sol já estava fraco, a temperatura caindo, já estava ficando frio às 17:30 da tarde e não gostaríamos de pegar os grampos no escuro. Passando pelo acampamento dois, perguntamos se existia água no acampamento um, recebemos a resposta negativa para desanimo do grupo, tínhamos que voltar para abastecer os cantis, foi escolhido um do grupo para evitar desgaste geral, com isso foi Mauro que levou uns 40 minutos para cumprir a missão.
Chegamos a parte critica, os grampos, o começo foi tenso pois não víamos nada que vinha pela frente e já imaginávamos a volta como iria ser. Eu olhava para baixo e só via um buraco cheio de mato, e a face cheia de preocupação de Benjamim que estava demonstrando um forte cansaço na reta final.
Ao final dos grampos, todos exaustos, porém felizes, e a noite caiu fazendo com que os últimos metros até o acampamento 1, fizéssemos no breu. Começamos a procurar lugar para armar as barracas, existiam várias outras já instaladas e os lugares que encontramos não foram os melhores.
Eu e Benjamim ficamos na minha barraca e Luciano e Mauro na deles, já instalados, tentamos preparar uma comida quente, mas não conseguimos pelos fortes ventos e pelo próprio fogareiro que estava com sua boca entupida, fazendo com que a chama ficasse fraca.
Após comer, foi inevitável brigar contra o sono baqueamos logo em seguida, más não durou muito para perceber que não conseguiríamos dormir, pois as barracas sacudiam de todo lado, salvo Luciano que naquela altura conseguia roncar mais alto que o barulho do vento nas barracas.
Foi a noite inteira virando de um lado para outro da barraca, e às vezes cochilava acordando com a barraca nas nossas caras jogadas pelo vento.
A barraca onde Luciano e Mauro estavam, não agüentou e a cobertura levantou vôo, com sorte para o lado oposto do precipício que se encontrava em nossa frente.
Estávamos com muita sede, racionamos a pouca água que tínhamos para tomarmos na ultima parte da empreitada.
Ás 5:00 da manhã partimos em direção ao cume, estava tudo escuro, eu confesso que fui sem querer, pois não dava para enxergar nada pela frente, apesar de estarmos com lanternas, mais não imaginávamos a imensidão dos precipícios dos quais veríamos quando amanhecesse na volta.
O vento continuava forte e após uns 40 minutos de caminhada avistamos um bico que parecia ser muito difícil de subir, era o cume falso, chegando mais próximo percebemos que não era tão complicado já estava clareando, porém o sol ainda não aparecia.
Após 1:00 hora e pouquinho chegamos ao cume, a sensação foi incrível, o dever cumprido, e o premio foi ver abaixo de nós tudo o que nossos olhos alcançavam, de um ângulo que eu jamais tinha visto.










Um comentário:

(:)Kátia(:) disse...
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